Metade dos meus amigos estão mortos.
Acabo de ver um gato subir na árvore e engolir o pássaro direto do ninho. Pra casos assim, me emociono.
Para possíveis sogras intratáveis e demasiadamente preocupadas em que peito está aconchegado vossos filhinhos, meu olhar mais dissimulado. Que culpa há em mim em ser o que ela quis, mas lhe faltou culhões? Não me faço de rogada. Sei me portar com todo meu decote, copo virado, cigarro e risada alta sim, desde o ninho de ratos ao ninho de ratos! Ops, do ninho de ratos a casa Deus, seja lá o que vocês pensam ser isso. Ele já saiu de lá há muito tempo, se querem saber. Aquele dia em que você atravessou a rua ao ver o homem pedindo ajuda e adentrou o templo celestial, ele já não estava mais lá.
Isso, vá em frente! Implora pra ele me largar e ir embora contigo. Eu divido meu cigarro com moribundos. Dou um gole da cachaça pra quem nome não tem. Não quero saber de céu. Teu céu és pra mim inferno, lotado de hipócritas. Acreditas mesmo que vão habitar o lar de Deus? Acham no burro suficiente pra dividir apartamento com vocês? Se ele escolher o mesmo prédio, há de ficar com a cobertura pra poder respirar um ar que não seja o vosso.
Isso, grita que ele é ingrato! Como pode abandonar a senhora, com esses olhos cheio de lágrimas, mas vazios de intenção, pra permanecer com alguém como eu?Com olheiras e maquiagem escorrida? Com batom escuro, como é que você diz? De mulher da vida?!

Deserda-o! Menino criado em boa família, com bom emprego, deixando o lar pra viver de arte? Deve estar com algum encosto! Quando ele lhe diz o que ama eu sei que quase não lhe cabe tamanho desgosto! Ir viver de coisa de vagabundo, gente sem sobrenome.
Antes ficasse com Lúcia, moça de renome e pele alva, curvas inexistentes no corpo e na alma, roupas claras, uma bela dama da alta sociedade programada pra só dizer sim.
Mas sabe o que é, Dona Marta? Lúcia não bebe uísque, cachaça, cerveja ou vinho. Lúcia até gosta das rosas, mas não sabe lidar com espinhos. De quadro ou música, Lúcia nunca foi musa. E o sexo, não convulsa. E eu dona Marta, eterna roleta russa!
-Lara Kustrowa.
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