Não sei a seus olhos o
quanto pareço sensível... Minha pele, até onde o olhar comum
enxerga é normal, porém aonde nem todos os olhos vêem é sensível
e branca. Queria ter somente essa semelhança com a mocinha lá da
conto de fada, mas não. Também me sinto a meu modo inerte aos
sentimentos. Após acreditar na bondade alheia, e morder a maçã
parece que nada mais vai me despertar. Estive pensando... Se
retratassem na historinha infantil quantos cavaleiros, cavalos,
príncipes, sapos, lobos, insetos, e tantas outras coisas passaram
pela donzela desacordada ela seria cansativa, desesperançosa,
exaustiva até... e tendo como base esse pensamento noto que devem
ter sido após muitas tentativas que encontrou alguém que a
acordasse com um beijo. Um beijo de um estranho que por sinal vê a
pobre moça e decide que beijar alguém desacordada é uma ótima
perspectiva pra um final feliz. Isso me confunde, me irrita até. Não
sei se acredito na boa vontade do mocinho, ou na maldade que o levou
a crer que beijando a moça ali, vazia de qualquer “vida” estaria
satisfazendo a si próprio... Não acredito em príncipes, e se
existirem quero distância, detesto a perfeição. Porém não dispensaria o moço diferente, caso passasse por ali, quisesse saber um pouco mais sobre a
mocinha e aí então tentasse a trazer de volta pra Terra. Creio
que me daria um fiapo de esperança.
Minha vida não é
conto de fada, mas me sinto desacordada, inerte a muitas emoções,
senão todas. Preciso não do príncipe, mas de alguém que passe
por mim e me note, e queira saber mais, que me defenda do que eu não
puder me defender, as vezes que me defenda de mim mesma, que erre, me
faça chorar mais que saiba consertar o erro, que saiba me
surpreender, não com um beijo, mas com a maneira de encarar a vida.
Saí em meio ao mundo pra procurá-lo e não encontrei. Aí então
decidi me deitar no meio da selva de pedra e esperar... Mas até
agora ninguém me deu motivos pra voltar a vida. Não os que eu
preciso.
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